Mineração Rosebel operado pela empresa canadense IAMGOLD. Fonte: Amazon Conservation Team (ACT)
Atualmente, 68% das áreas naturais protegidas e territórios indígenas da região se sobrepõem a projetos de infraestrutura e planos de investimento, segundo o relatório Amazônia sob pressão, publicado pela RAISG em 2020. As principais ameaças são a mineração e exploração de petróleo.
Muitas vezes, esses projetos foram autorizados sem a devida consulta às populações indígenas afetadas, desrespeitando tratados internacionais e causando danos sanitários e culturais aos povos da região, como os derramamentos de petróleo e a consequente poluição dos corpos d’agua e mortalidade de peixes. Já os danos culturais e sociais não são adequadamente tratados pelos órgãos ambientais fazendo com que as populações indígenas fiquem reféns dos serviços prestados pelas concessionárias.
A mineração ilegal também está presente em todos os países amazônicos. A mineração afeta as fontes de alimento, igarapés, rios, florestas, solos e é uma ameaça direta à saúde dos povos indígenas. Muitos estudos alertam para os altos índices de mercúrio encontrados no sangue de populações afetadas pelo garimpo, o que implica em consequências a longo prazo, como neurológicos. Além disso, o garimpo traz insegurança alimentar e violência para dentro dos territórios indígenas.
Dezenas de usinas hidrelétricas e aberturas de mais de 100.000 km de estradas estão planejadas ou em operação em áreas sobrepostas aos territórios indígenas na Pan-Amazônia. Importante destacar que a maior parte do desmatamento ocorre na proximidade de estradas. Por exemplo, duas importantes vias de acesso ao território amazônico do Peru – a Carretera Marginal de la Selva (Ucayali) e a Interoceânica Sul – atuam também como vetores de desmatamento, isso sem contar com a rede de estradas de acesso florestais construídas sem autorização oficial.
A plantação de coca e o tráfico da droga também afetam a região. De acordo com o Relatório Anual de Drogas 2021 da ONU, a rota do tráfico de cocaína entre a América do Sul, os EUA e a Europa estão evoluindo e por isso levou à expansão das plantações de coca na Amazônia. A produção de cocaína está concentrada na Colômbia, Peru e Bolívia, em áreas que coincidem com as fronteiras nacionais na Amazônia próximas a territórios indígenas. Já a distribuição que segue em larga escala para EUA e Europa está concentrada no Brasil, Colômbia e Peru. O tráfico de drogas implica no aumento da violência em territórios indígenas.
World Drug Report 2021.United Nations. Office on Drugs and Crimes. Disponível aqui
Observe no mapa interativo do Módulo Povos Indígenas, onde se localizam os territórios indígenas na região amazônica e observe as regiões fronteiriças estudadas pelos consultores da OTCA:
Clique nos ícones abaixo e obtenha informações gerais sobre cada um dos aspectos que caracterizam os povos indígenas amazônicos e como os elementos se relacionam com a sobrevivência dos povos originários.