May 30, 2022 | BIOECONOMIA| NOTÍCIAS| MIPYMES| PROJETO BIOAMAZÔNIA
Especialistas se reuniram para debater os desafios para fortalecer as cadeias de valor da sociobiodiversidade
A Região Amazônica representa enorme potencial para contribuir para uma bioeconomia justa e inclusiva, que envolva as micro, pequenas e médias empresas (MIPYMEs). Como membro do Comitê Organizador do BioforestALC, o I Fórum Virtual sobre o Potencial de Produtos Florestais Não Madeireiros para uma Bioeconomia na América Latina e Caribe, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) vem implementando uma série de ações para conhecer e promover o desenvolvimento da bioeconomia na região, entre elas, a realização de mesas de diálogo com especialistas em flora e fauna da região e o desenvolvimento de uma janela de informação regional sobre MIPYMES, com ênfases em espécies da CITES, dentro do Observatório Regional Amazônico (ORA).
Durante o BioForestALC, evento realizado virtualmente de 23 a 26 de maio, a OTCA colocou à disposição a Plataforma de Regional de Intercâmbio de Informações e Conhecimentos sobre Florestas e Conservação da Biodiversidade para a identificação de experiências de bioeconomia com produtos florestais não madeireiros (PFNM). Foram registradas 20 experiências, sendo 12 do Brasil, seis do Equador e duas do Suriname.
A sistematização de experiências em bioeconomia vai colaborar para os objetivos do BioForestALC de identificar e formular iniciativas conjuntas para fortalecer a bioeconomia na América Latina e Caribe a partir do desenvolvimento das cadeias de valor de produtos florestais não madeireiros.
BioForestALC
O I Fórum Virtual sobre o Potencial de Produtos Florestais Não Madeireiros para uma Bioeconomia na América Latina e Caribe foi realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro, com o apoio de outras instituições, entre elas, o Centro de Pesquisa e Ensino Agrícola Tropical (CATIE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestais (IUFRO), Universidade de Brasília (UnB) e OTCA. Participaram mais de 200 pessoas nos quatro dias de evento, representando uma centena de instituições de 13 países, entre públicas e privadas, de ensino e pesquisa; associações de produtores; membros de organizações não governamentais, agências de desenvolvimento nacionais e internacionais, etc., com interesse na agenda de bioeconomia.
Na sessão de abertura, o diretor do SFB, Pedro Alves Corrêa Neto, destacou a importância da cooperação entre as instituições para a realização do evento. Já Guy Capdeville, Diretor de PD&I da Embrapa mencionou o papel da OTCA para uma articulação e parceria com os países que compartilham o bioma é fundamental para explorar potenciais de cooperação tecnológica.
A Secretária-Geral, Alexandra Moreira, ressaltou o potencial da Amazônia e a atuação da OTCA. “Para nós é importante trabalhar nesses espaços com instituições que promovam o uso sustentável da biodiversidade. A Amazônia representa mais de 40% do território da América do Sul e abriga uma grande biodiversidade e a maior floresta tropical, o que nos obriga a trabalhar comprometidos no combate às mudanças climáticas e à degradação, valorizando a biodiversidade”, afirmou.
No painel “A bioeconomia da floresta na promoção do desenvolvimento humano da América Latina e Caribe” os especialistas Thais Juvenal, representando a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Ricardo Abramovay, da Universidade de São Paulo (USP), e Joaquim Belo, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), debateram as oportunidades e desafios para a bioeconomia e a necessidade de respeito aos direitos e inclusão dos povos da floresta como protagonistas da bioeconomia.
A economista com foco em governança socioambiental e finanças, Thais Juvenal, apresentou a publicação da FAO, “The State of the World’s Forests (SOFO) 2022”, mencionando três caminhos principais: a necessidade de eliminação da perda de cobertura florestal e conservação do serviços ambientais; restauração florestal e de paisagens e agroflorestaria e uso sustentável da floresta e bioeconomia.
“Não há estatísticas globais para produtos florestais não madeireiros devido à informalidade, circuitos de mercados incompletos, denominação e contabilidade heterogênea e, frequentemente, estão juntos com produtos agropecuários ou outras indústrias. Sem estatísticas fica difícil planejar investimentos”, afirmou Juvenal.
O professor do departamento de economia da USP, Ricardo Abramovay, chamou a atenção para o fato de que as florestas tropicais e, particularmente, a Amazônia estão fora da literatura científica e da fronteira tecnológica referente à bioeconomia.
“A Amazônia fica completamente ausente neste quadro e isso obviamente é muito preocupante. A explicação do paradoxo em que a mais rica biodiversidade do mundo está distante da fronteira científica e tecnológica da bioeconomia é clara e foi definida pela professora Bertha Becker há alguns anos: Nós praticamos, sobretudo na Amazônia, uma economia da destruição da natureza. Precisamos de uma economia do conhecimento e não da destruição do ambiente porque a economia da destruição não propiciou o desenvolvimento. Hoje a Amazônia brasileira tem os piores indicadores do Brasil. Não dá para falar em bioeconomia e economia da sociobiodiversidade, sem respeitar os direitos das populações que vivem nas florestas”, comentou Abramovay.
O representante do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Joaquim Belo, comentou que a bioeconomia sempre existiu, “pois a riqueza da Amazônia construiu a riqueza de muita gente”.
“A floresta é nossa grande infraestrutura verde. O nosso grande desafio é a luta pelo direito ao uso coletivo da terra para garantir os meios de produção, o que desencadeou um grande debate. Custou a ser entendida a importância dos povos na conservação da biodiversidade e da floresta. O ponto de partida da discussão tem de ser os territórios, suas vivências, suas tradições, seu modo de ser”, afirmou Belo.
Livro
Encerrando o primeiro dia, o Serviço Florestal Brasileiro lançou a segunda edição do livro Bioeconomia da Floresta: A Conjuntura da Produção Florestal Não Madeireira no Brasil,
A partir do segundo dia, os participantes do BioForestALC trabalharam em grupos apresentando experiências em bioeconomia e discutindo desafios e oportunidades. Os temas dos GTs foram capacitação, treinamento e assistência técnica, comercialização, mercados e cadeias de valor, produtos florestais não-madeireiros e restauração, entre outros.
Encaminhamentos
No último dia do fórum (26/05) foi realizada a apresentação dos encaminhamentos, destacando-se os seguintes:
Origem / Créditos: Notícias OTCA