Intercâmbio de informações para aumentar capacidades institucionais


Jun 21, 2022 | FLORESTAS | CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS | INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÃO | CONHECIMENTO E TECNOLOGIA | PROJETO BIOAMAZÔNIA

OTCA e LPF promoveram Curso de Identificação e Rastreamento de Madeiras.

A maratona para novos aprendizados durou uma semana, e foi considerada muito proveitosa para os 21 representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guatemala que se dedicaram à troca de conhecimentos durante o curso Metodologias de Identificação e Rastreabilidade de Madeiras Tropicais realizado em Brasília, de 9 a 13 de maio.

A iniciativa conjunta do Projeto Regional para a Gestão, Monitoramento e Controle de Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas pelo Comércio (Projeto Bioamazônia) e do Laboratório de Produtos Florestais (LPF) do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) ocorreu nas instalações do Observatório Regional Amazônico (ORA), na sede da OTCA em Brasília.

Na abertura, o Diretor Executivo da OTCA, Embaixador Carlos Lazary, destacou a importância da capacitação técnica em identificação de madeiras para profissionais de diversas áreas como fiscalização, exportação, gestão florestal, autorização de recursos florestais, entre outras. Ele também lembrou que o curso foi possível por que os Países Membros (PM) decidiram avançar nessa agenda. “A OTCA é a casa dos países amazônicos. Esse trabalho conjunto entre os países e a OTCA com a cooperação alemã por intermédio do KfW nos dá a garantia de que há um crédito de confiança dos cooperantes internacionais com o Projeto Bioamazônia”, afirmou.

Segundo o Coordenador do Laboratório de Produtos Florestais (LPF), Fernando Nunes Gouveia, este curso foi concebido para “compartilharmos as principais tecnologias utilizadas na identificação de madeira com representantes dos oito países amazônicos e da Guatemala. A iniciativa traz benefícios para todos, pois vislumbramos o potencial de intercâmbio e cooperação nos temas relacionados à manejo sustentável da madeira e ao fortalecimento das instituições no combate ao tráfico ilegal”, afirmou.

Depoimentos

Para Gerrit Warsidie Amatmoekrim, da Fundação para Manejo Florestal e Controle da Produção do Suriname, o curso foi útil para aprender outras técnicas de identificação de madeiras. “Normalmente só olhamos para a árvore, folhas, frutos, etc. Seguindo o curso eu sei que há outros aspectos como a anatomia e estrutura, aspectos químicos etc”, comentou.

Silvana Chulde, especialista em Patrimônio Natural, salientou que o curso possibilitou aprender com experiências especialmente do Brasil. “É importante conhecer essa ciência com a qual estamos trabalhando para que também possamos avançar nessas experiências e caminhos para o reconhecimento de espécies e desenvolver esses novos temas em nosso trabalho diário no Equador, que é reconhecer espécies para minimizar tráfico de madeira”, disse.

Harol Gutierrez Peralta, do Ministério do Meio Ambiente de Peru, destacou que foi possível identificar as assimetrias que ainda existem quanto ao desenvolvimento de tecnologia para identificar madeira. “Porém, vemos que há muitas oportunidades para termos sinergias em nível regional, possibilitando ferramentas que nos ajudem a controlar a extração ilegal de madeira”, afirmou.

Programa

O curso envolveu 10 palestrantes de diversas instituições para aulas expositivas e práticas e foi coordenado por Alexandre Bahia Gontijo, responsável pela área de Anatomia e Morfologia do LPF, que abordou os temas “Identificação anatômica de madeiras (caracteres gerais e macroscópicos)” e “Chave Eletrônica de Identificação de Madeiras Comerciais Brasileiras”.

A explanação sobre os “Sistemas Federais de Gestão Florestal – Controle de créditos rastreáveis entre a origem e o consumidor final no Brasil” ficou a cargo do Coordenador Geral de Monitoramento do Uso da Biodiversidade e Comércio Exterior do IBAMA, Rafael Freire de Macêdo. Já os estudos sobre “Isótopos forenses aplicados como traçadores para origem de madeiras” foram explicados pela Perita da Polícia Federal do Brasil, Camilla Vasconcelos Kafino.

Uma abordagem a partir da perspectiva das ciências forenses foi tratada na sessão “Plant DNA barcoding na caracterização de espécies vegetais”, conduzida por Renato Teodoro Ferreira de Paranaiba, Perito da Polícia Federal. “Wood species identification using Deep Learning” foi o tema abordado por Andre Reis de Geus, Doutor em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Uberlândia.

Finalizando as sessões teóricas, a pesquisadora do LPF, Tereza Cristina Monteiro Pastore, e o químico tecnológico egresso da Universidade de Brasília (UnB), Hugo da Silva Rocha, apresentaram a tecnologia NIRS na identificação de madeiras comerciais, com noções de espectroscopia no infravermelho próximo e de quimiometria.

O conjunto de temas buscou atualizar os participantes sobre as mais modernas tecnologias de identificação de madeiras, suas aplicações e potenciais, oferecendo um panorama amplo sobre o atual estado da arte do combate ao desmatamento. Essas tecnologias fornecerão um importante arsenal forense, capaz de elucidar diversos tipos de crimes ambientais envolvendo a exploração ilegal de madeiras. Mais do que isso, o encontro inicia uma rede colaborativa, onde os membros da OTCA poderão desenvolver tais ferramentas e unir esforços na proteção da Amazônia.

O dia 13 de maio foi dedicado exclusivamente para visita técnica ao LPF para conhecer a coleção de madeiras disponíveis na xiloteca e os equipamentos adquiridos com o apoio do Projeto Bioamazônia. Os representantes também puderam participar de demonstrações práticas de “extração não destrutiva de amostras de madeira” e de “identificação de espécies utilizando a metodologia NIRs”, além de demonstração de técnicas de microscopia para análise de madeira e carvão, entre outras atividades.

Fuente / Créditos:

 

Come2theweb